Screw Cap: Acabando com o Preconceito

Screw Cap

Eu estava escolhendo um vinho para um jantar com uns amigos e escuto a seguinte frase – “Não leva essa garrafa que é de rosca, porque é ruim. Tem que ser de rolha!” – Nitidamente um grupo de jovens que estão aprendendo sobre vinhos tinham a má impressão sobre o Screw Cap e eu também já tive. Porém, com o tempo percebi essa tendência em mais e mais vinhos. Principalmente nos Brancos, Verdes e Rosés.

A rosca possui uma função, não é só redução de custo, como estamos acostumados com os vinhos de mesa e suaves. Ela possui um papel muito importante no envelhecimento do vinho e na garantia de sua qualidade.

O que faz um vinho mudar suas características quando em guarda?

O oxigênio, certo? E porque usamos rolha de cortiça, por exemplo, para fechar a garrafa? Para que ainda haja uma minima troca de oxigênio com o ambiente. Essa troca é tão pequena que o vinho consegue ficar guardado por anos, em adegas com condições ideias, e com o tempo ele vai “arredondando”.  Isso é muito verdade para os tintos e alguns poucos brancos.

Porém, muitos vinicultores e enólogos não querem que as características que eles elaboraram para seus vinhos sejam perdidas. As vezes eles querem vinhos mais ácidos, outras mais doce e por aí vai, para isso eles desenvolveram a metodologia com a Rosca.

A Rosca é um material metálico que impede o contato do vinho com o oxigênio, interrompendo quase por completo a fermentação que continua viva na bebida. Assim, os vinhos brancos ou rosés, que em sua maioria, são elaborados para ser consumidos jovens, ganham uma garantia contra esse envelhecimento, mantendo as propriedades inalteradas.

Com esse ajuste, diversos benefícios acompanham o vinho:

– Ele pode ser guardado em pé, na vertical;

– Suas características são preservadas por mais tempo;

– Há facilidade na abertura e dispensa o abridor;

– Evita o Bouchonné (doença de rolha);

– Não é contaminado pelo ar do ambiente.

Screw CapSó que a Rosca não é para todos os vinhos. Vinhos mais complexos, mesmo brancos e rosés, pedem o uso de rolha de cortiça, pois precisam do amadurecimento. Vinhos tinhos, geralmente, precisam continuar vivos e recebendo melhorias que são provenientes da micro-interação do vinho com o oxigênio do ambiente.

Existe ainda uma discussão em relação a renovação do recurso natural, visto que a rolha é um recurso natural renovável e quando falamos de sustentabilidade é um ponto a ser levado em consideração.

A arte de se produzir um vinho é muito complexa. Desde o desafio nas videiras, onde o viticultor briga com as condições climáticas e geográficas para obter a uva perfeita, até a escolha da garrafa, vidro e sistema de fechamento ideal.

Portanto, ao comprar seu vinho em uma loja renomada, em uma adega ou supermercado, não fique com preconceito em cima dos vinhos secos com rosca. Eles estão ali por um motivo e esse motivo é você, para você ter o melhor que aquele vinho pode ser e o mais parecido que o enólogo desenvolveu.

Nos vemos nos próximos posts!

por Marco Bini